N 19118 – CAPELLO. (Hermenegildo C. de Brito),
IVENS. (Roberto) DE ANGOLA À CONTRA-COSTA
Descripção de uma viagem atravez do continente
africano comprehendendo narrativas dispersas, aventuras e importantes
descobertas entre as quaes figuram a das origens do Lualaba, caminho entre as
duas costas, visita ás terras da Garanganja, Katanga e ao curso do Luapula, bem
como a descida do Zambeze, do Choa ao oceano. Por… e… Officiaes da Armada Real
Portugueza. 1ª Edição illustrada com mappas e gravuras. Lisboa. Imprensa
Nacional. 1886.
Apenas o II volume (de . in 8.º de 24x17 cm. Com xiii, 490 págs.
Encadernação do editor decorada com estampagens com
motivos africanos, palmeiras e elefantes, com sol vermelho.
Obra ilustrada com desenhos no texto, ( 10 no
segundo), uma das quais de página dupla, e 2 mapas desdobráveis no segundo volume).
Relato da exploração levada a cabo entre 1884 e 1885
por Capelo e Ivens, primeiro entre a costa e o planalto de Huíla e depois
através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus
estudos hidrográficos, efetuando registos geográfico-naturais, bem como de
carácter etnográfico e linguístico. Estabelecem assim a tão desejada ligação
por terra entre as costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas
regiões do interior situadas entre estes dois territórios e que descrevem nesta
obra. A missão iniciou-se a 6 de janeiro de 1884 e os exploradores regressaram
a 20 de Setembro de 1885 tendo sido recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.
A 19 de Abril de 1883 Manuel Pinheiro Chagas, Ministro
da Marinha e do Ultramar, cria por decreto uma Comissão de Cartografia com o
fito de criar um atlas geral das colónias portuguesas. Por outro lado
pretendia-se também a criação de um caminho comercial que ligasse Angola a
Moçambique por terra. Como os territórios que iriam ser atravessados eram desconhecidos
e necessitavam de ser cartografados, recorreu-se a oficiais da Marinha, os
quais, já com experiência anterior neste tipo de explorações, podiam avançar
mais rapidamente recorrendo aos princípios da navegação marítima. Com a criação
desta ligação, criava-se também algum tipo de pretensão à soberania das terras
entre as duas colónias que hoje são os territórios ocupados pela Zâmbia,
Zimbabué e Malawi. Esta pretensão é conhecida como o Mapa cor-de-rosa,
cuja ideia é atribuída ao então Ministro dos Negócios Estrangeiros, Henrique de
Barros Gomes, que no entanto nunca admitiu ter a ideia sido sua. Isto estava em
clara colisão com o objetivo britânico de ligar o Cairo à Cidade do Cabo e
desencadeou uma disputa entre o Estado português e a Grã-Bretanha que culminou
no Ultimato Britânico de 1890 ao qual Portugal cedeu, causando sérios danos à
imagem do governo monárquico português.
Inocêncio XI, 261. “Hermenegildo Carlos de Brito
Capello, nasceu em 1839. Aspirante a Guarda Marinha em 1853, guarda marinha em
1861, Segundo Tenente em 1863, Primeiro Tenente em 1874, Capitão Tenente
supranumerário em 1877, e Capitão de Fragata em 1884. Ajudante de Campo Honorário
de Sua Magestade ElRei, commendador da ordem de S. Thiago e condecorado com a
medalha da Expedição a Angola em 1860. Em resultado de uma exploração
scientifica em Africa, conjuntamente com outro distincto official da marinha de
guerra, o Sr. Roberto Ivens, de quem se tratará em logar proprio, escreveu e
publicou a seguinte obra: de Benguella ás Terras de Iácca. Lisboa, na Imp.
Nacional, 1881.”
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