sábado, 2 de abril de 2022

A Rainha D. Leonor. Exposição realizada pela FCG Mosteiro da Madre de Deus 1958










 

N 19094 – A Rainha D. Leonor. Exposição realizada pela Fundação Caloust Gulbenkian no Mosteiro da Madre de Deus em Lisboa – Dezembro 1958. Muito ilustrafo. 88 Pgs. 15x21cm.

 

Em 1958, comemoravam-se os 500 anos do nascimento da rainha D. Leonor (1458-1525), mecenas e fundadora das Misericórdias em Portugal. A então recém-criada Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) foi a precursora das comemorações do aniversário da rainha, ao decidir organizar uma exposição evocativa no Mosteiro da Madre de Deus, em Lisboa. A iniciativa da FCG fundamentava-se no facto de «entre os seus fins estatutários» figurar «a realização da caridade e a protecção das artes. A Rainha Dona Leonor foi, ao mesmo tempo, uma alma dotada do mais puro amor do próximo e um espírito devotado aos mais belos empreendimentos artísticos e culturais» (A Rainha D. Leonor: Exposição realizada pela Fundação…, 1958).

Como José de Azeredo Perdigão relatou em carta a Pedro Teotónio Pereira, em 18 de abril de 1958, «meses depois de termos publicado a resolução de comemorar […] o centenário do nascimento da Rainha D. Leonor, o Governo publicou uma portaria, nomeando uma comissão encarregada de, por sua vez, organizar as comemorações oficiais» (Carta de Azeredo Perdigão para Teotónio Pereira, 11 abr. 1958, Arquivos Gulbenkian, PRES 00108). A FCG foi convidada a participar nessa Comissão Nacional, acrescentando ao plano inicial da exposição uma nova secção dedicada às Misericórdias.

Após as obras de restauro do Mosteiro da Madre de Deus, levadas a cabo propositadamente para a exposição e custeadas pela FCG, procedeu-se à organização da mostra. O primeiro núcleo dizia respeito à caracterização do período em que viveu a rainha D. Leonor, destacando-se personalidades, monumentos e acontecimentos culturais e políticos. Neste núcleo, apresentava-se uma síntese cronológica da vida da rainha, com elementos sobre a sua ação na área da assistência e das artes, e as localidades portuguesas relacionadas com D. Leonor.

O segundo núcleo dizia respeito ao apoio da rainha às artes, através da promoção de obras arquitetónicas, da encomenda de pintura flamenga e portuguesa, de incunábulos (obras impressas antes do século XVI) e de peças de teatro a Gil Vicente, de quem foi protetora. Esta temática ocupava as salas do segundo piso, com ligação à sala de Santo António e ao coro alto, que integravam também o percurso.

A história das Misericórdias ocupava o segundo piso do claustro joanino, fazendo-se referência aos estabelecimentos de assistência que as antecederam (espécies manuscritas). Ilustrava-se o património das Misericórdias através dos seus edifícios, reproduzidos fotograficamente, e de peças de valor histórico e artístico, provenientes de várias partes do país. As bandeiras de diferentes Misericórdias e as representações da Nossa Senhora da Misericórdia tinham ampla presença.

A exposição terminava na capela do piso térreo, junto à entrada da igreja, que é antecedida pelo túmulo raso de D. Leonor, destacado por um foco de luz. Na capela, espaço remanescente do primitivo mosteiro, encontravam-se alguns objetos de uso pessoal da rainha e a descrição da transladação do seu corpo para a atual sepultura.

Esta exposição era vocacionada, segundo Maria José de Mendonça, para «um grande público, mais do que particularmente a investigadores e eruditos» (Mendonça, Colóquio. Revista de Artes e Letras, n.º 2, mar. 1959, p. 20).

A montagem da exposição, dirigida por Conceição Silva, teve grande impacto. Vários elementos terão criado um contexto cenográfico, que desencadeou também uma impressão emotiva: a reunião na Madre de Deus de obras de arte inseridas em núcleos, mas respirando autonomamente, permitindo ao visitante uma relação mais íntima; todos os elementos contextualizadores e iconográficos, também eles individualizados; os ritmos provocados pelos suportes expositivos e pelas divisões do mosteiro; a criação ou valorização de momentos de pausa (como o claustro com a recriação dos túmulos de D. João I e D. Filipa, a sala de Santo António e o coro da igreja); os efeitos de luzes, a música e o conforto decorrente do aquecimento do espaço.

Leonor de Oliveira, 2014

 

 

Portes Grátis


Para venda: 18€

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