terça-feira, 4 de janeiro de 2022




 

N 14779a  – Carestia da Vida nos campos. Cartas a um lavrador por Bazílio Telles. 1ª Edição, Porto Livraria Chardron 1904. Pequenos defeitos na capa, e consolidação da lombada. 426 Pgs. 12,5x19cm.

Construído sob a forma simples de cartas ao povo, explicando conceitos correntes, o seu autor, apesar de republicano ministeriável, fez-se nomeadamente notar, em 1911, pela sua polémica proposta da reposição da pena de morte.

 

O pensamento filosófico de Basílio Teles foi essencialmente uma forma heterodoxa de positivismo comtiano, sendo mais fiel às reflexões de Auguste Comte do que as interpretações de Émile Littré ou Herbert Spencer. O positivismo foi determinante na sua concepção da Filosofia da História e na visão cientificista da teoria do poder espiritual. A sua cosmologia implicou uma ideia prévia de natureza (típica do século XVIII e XIX), ou seja, uma ontologia determinista e mecanicista com aplicações na leitura análoga da sociedade e, correlativamente, na ideologia sociocrática.

Não acompanhou, a revolução científica e cosmológica do fim do século, em particular no campo da geometria, mantendo-se fiel ao paradigma euclidiano. Foi essencialmente um pensador marcado por um horizonte teleológico imanentista, embora tenha valorizado uma abordagem indutiva e empirista da teoria do conhecimento. Nunca deixou de subscrever o conteúdo finalista da Lei dos Três Estados, o que equivalia postular uma leitura do progresso das sociedades e da epistemologia ocidental, fundada nos dados da totalidade das ciências.

Na abordagem dos problemas económicos privilegiou a agricultura, como estrutura de produção de carácter auto-suficiente, capaz de fornecer o sustento das populações versus a grande indústria vocacionada para as trocas externas. O pensamento económico de Basílio Teles tinha assim uma vertente tradicionalista, nacionalista e conservadora que defendia uma agricultura autárcica de autoconsumo, contrabalançada por uma perspectiva modernizante.

Basílio Teles motivado pelo nacionalismo e procurando ultrapassar as contradições decorrentes do capitalismo e dos regimes parlamentares (em especial numa nação como a portuguesa) e evitar os perigos da extrema-esquerda, defendeu claramente um estado e um governo fortes.

As suas propostas políticas, incluindo a ditadura provisória e institucionalizada, davam a primazia ao poder executivo na organização dos poderes soberanos.

Nunca defendeu um estado totalitário (fascismo) ou policial (salazarismo), sendo um constante defensor dos direitos cívicos nomeadamente a liberdade de consciência

Na análise da questão religiosa, defendeu uma forma de laicidade liberalizante contra o laicismo intolerante do governo provisório da Primeira República. Coerentemente aplicou na explicação da origem da nacionalidade, o modelo epistémico anti-voluntarista, patente nas teses republicanas, mas conferiu-lhe uma acentuação étnica dualista que individualizou o seu contributo num sentido nortista e particularista ímpar.

 

Portes Grátis


PARA VENDA : 21€

Sem comentários:

Enviar um comentário