N 14779a – Carestia da Vida nos campos. Cartas
a um lavrador por Bazílio Telles. 1ª Edição, Porto Livraria Chardron 1904.
Pequenos defeitos na capa, e consolidação da lombada. 426 Pgs. 12,5x19cm.
Construído sob a forma simples de cartas ao
povo, explicando conceitos correntes, o seu autor, apesar de republicano
ministeriável, fez-se nomeadamente notar, em 1911, pela sua polémica proposta
da reposição da pena de morte.
O pensamento filosófico de Basílio
Teles foi essencialmente uma forma heterodoxa de positivismo comtiano, sendo
mais fiel às reflexões de Auguste Comte do que as interpretações de Émile
Littré ou Herbert Spencer. O positivismo foi determinante na sua concepção da
Filosofia da História e na visão cientificista da teoria do poder espiritual. A
sua cosmologia implicou uma ideia prévia de natureza (típica do século XVIII e
XIX), ou seja, uma ontologia determinista e mecanicista com aplicações na
leitura análoga da sociedade e, correlativamente, na ideologia sociocrática.
Não acompanhou, a revolução científica e cosmológica do fim do
século, em particular no campo da geometria, mantendo-se fiel ao paradigma
euclidiano. Foi essencialmente um pensador marcado por um horizonte teleológico
imanentista, embora tenha valorizado uma abordagem indutiva e empirista da
teoria do conhecimento. Nunca deixou de subscrever o conteúdo finalista da Lei
dos Três Estados, o que equivalia postular uma leitura do progresso das sociedades
e da epistemologia ocidental, fundada nos dados da totalidade das ciências.
Na abordagem dos problemas económicos privilegiou a agricultura,
como estrutura de produção de carácter auto-suficiente, capaz de fornecer o
sustento das populações versus a grande indústria vocacionada para as trocas
externas. O pensamento económico de Basílio Teles tinha assim uma vertente
tradicionalista, nacionalista e conservadora que defendia uma agricultura
autárcica de autoconsumo, contrabalançada por uma perspectiva modernizante.
Basílio Teles motivado pelo nacionalismo e procurando ultrapassar
as contradições decorrentes do capitalismo e dos regimes parlamentares (em
especial numa nação como a portuguesa) e evitar os perigos da extrema-esquerda,
defendeu claramente um estado e um governo fortes.
As suas propostas políticas, incluindo a ditadura provisória e
institucionalizada, davam a primazia ao poder executivo na organização dos
poderes soberanos.
Nunca defendeu um estado totalitário (fascismo) ou policial
(salazarismo), sendo um constante defensor dos direitos cívicos nomeadamente a
liberdade de consciência
Na análise da questão religiosa, defendeu uma forma de laicidade
liberalizante contra o laicismo intolerante do governo provisório da Primeira
República. Coerentemente aplicou na explicação da origem da nacionalidade, o
modelo epistémico anti-voluntarista, patente nas teses republicanas, mas
conferiu-lhe uma acentuação étnica dualista que individualizou o seu contributo
num sentido nortista e particularista ímpar.
Portes Grátis
PARA VENDA : 21€
Sem comentários:
Enviar um comentário