N 19068 – Bom Senso e Bom Gosto. ( A questão Coimbrã –
1866 ). Volume IV, por Alberto Ferreira / Maria José Marinho. Temas Portugueses
I. N. C. M. 1989. 406 Pgs. 15x24cm. Livro novo.
Constitui um dos documentos mais importantes da polémica
literária que ficou conhecida como a Questão Coimbrã ou mesmo a Questão do Bom
Senso e Bom Gosto, tendo surgido como resposta à carta-posfácio de António
Feliciano de Castilho inserta no Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas, de
outubro de 1865, na qual o autor de Cartas de Eco a Narciso aludia ironicamente
às teorias filosóficas e poéticas expostas nos prefácios a Visão dos Tempos e
Tempestades Sonoras (ambas de 1864), de Teófilo Braga, e na nota posfacial das
Odes Modernas, de Antero de Quental (de julho de 1865). Sentindo-se visado,
Antero de Quental responde em novembro com o panfleto Bom Senso e Bom Gosto.
Carta ao Exmo. Sr. António Feliciano de Castilho, onde qualifica o juízo de
Castilho como uma crítica “à independência irreverente de escritores que
entendem fazer por si o seu caminho, sem pedirem licença aos mestres, mas
consultando só o seu trabalho e a sua consciência”, que cometem “essa falta de
querer caminhar por si, de dizer e não de repetir, de inventar e não de
copiar”. Antero define “a bela, a imensa missão do escritor” como “um
sacerdócio, um ofício público e religioso de guarda incorruptível das ideias,
dos sentimentos, dos costumes, das obras e das palavras”, que exige, por um
lado, uma alta posição ética, por outro lado, uma total independência de
pensamento e de carácter. Como consequência, e numa clara alusão a Castilho,
Antero repudia a poesia que cultiva a “palavra” em vez da “ideia”; a poesia
decorativa dos “enfeitadores das ninharias luzidias”; a poesia conservadora dos
que “preferem imitar a inventar; e a imitar preferem ainda traduzir”; em suma,
a poesia que “soa bem, mas não ensina nem eleva”. O autor das Odes Modernas
preconiza ainda que a literatura portuguesa acompanhe “o pensamento moderno”, “as
tendências das ciências”, “os resultados de trinta anos de crítica”, “a nova
escola histórica”, “a renovação filosófica”.
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